segunda-feira, 13 de julho de 2009

ECOS DA GREVE DOS SERVIDORES MUNICIPAIS

POR: MARILDA OLIVEIRA

Acompanhando o movimento de greve dos Servidores Municipais, não surpreende o descaso com que a Prefeitura de Salvador, na figura de seus representantes, trata as negociações sobre o reajuste salarial das categorias aí reunidas.

Apesar do acordo que, eventualmente, se faça sobre quase todos os pontos da pauta de reivindicação, sabemos que tais acordos nem sempre são cumpridos. E ainda que o sejam, qualquer categoria de trabalhadores privilegia sempre e acima de tudo, os ganhos salariais aliados à melhoria das condições de trabalho. Este é o nó que amarra todo e qualquer processo de negociação e, eis o nó, em mais uma greve dos servidores que já perdura por quase um mês.

O descaso com o servidor público e a imposição de um crescente descontentamento é, em última instância, o descaso com a qualidade dos serviços públicos, marca desta Administração, refletida instantaneamente na insatisfação dos usuários destes serviços, que aqui representam a população de maneira inespecífica.

No entanto, as vozes revoltosas contra o movimento grevista, ecoadas nos comentários desarrazoados e furiosos, postados em jornais, blogs e outras mídias, se levantam quase sempre contra os servidores. Deveriam sim, ecoar contra os representantes do poder constituído que passam de negligentes a intransigentes, de gestão em gestão.

É sempre a tal classe média a espernear. Ou porque ficou com seu carro preso num engarrafamento por causa dos grevistas; ou então, o pequeno e médio empresário a reclamar porque houve paralisação nos serviços fazendários; ou ainda, o dono de estabelecimento que não conseguiu a liberação do alvará de funcionamento para o seu comércio.

Ora! Façam-nos o favor! Os problemas ainda serão os mesmos, com ou sem greve dos servidores municipais, porque o problema maior é de gestão. É estrutural e não pontual. A campanha salarial é necessidade e direito do trabalhador e os que não compreendem isso, que sofram as conseqüências por sua própria alienação e inépcia.

Seria mais proveitoso que os insatisfeitos viessem para o lado de cá, protestar pelas melhorias, pelas mudanças e exigissem como usuários, respeito e satisfação das suas necessidades, ao invés de atirarem pedras na vidraça errada, pois, a vidraça correta não é a da janela dos trabalhadores e sim, aquela dos gabinetes, de onde pouca ou nenhuma resposta é dada à população que elegeu seus próprios algozes.

Passada a campanha salarial e a greve, estes sim problemas pontuais, a cidade continua enfrentando o caos no trânsito, na saúde, na arrecadação de impostos, na movimentação da máquina pública, que para sua eficiência depende essencialmente de administradores que não visem apenas sua carreira política e de gestores aptos a diminuir o grau de insatisfação, tanto dos servidores mal remunerados quanto dos usuários insatisfeitos.

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MARILDA OLIVEIRA ARAÚJO é Servidora Pública Municipal, lotada na SMS, possui Licenciatura em História pela UCSal e especialização na mesma área pela UEFS.

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