Por: Marilda Araújo
Nuvens políticas, nuvens de poeira.
Salvador atravessa hoje dois momentos distintos que, no entanto, estão sob a poeira da política pouco eficiente e transparente dos nossos governantes. Em meio a nuvem de poeira deste Domingo (29/8/10), proveniente da demolição do símbolo maior do futebol baiano, temos também a nuvem ainda não dissipada oriunda da demolição das barracas de praia da orla de Salvador, resultante das trapalhadas do Sr. Prefeito. Mas, temos outra nuvem, esta de fumaça, que promete permanecer até outubro: o paradoxo da vitória em 1º turno do Governador Jacques Wagner, novamente.
Quem consegue entender que o prefeito João Henrique Carneiro fez um péssimo governo em 1º mandato e foi reeleito, talvez consiga explicar a provável reeleição do Governador Jacques Wagner.
Ante os altos índices de violência e criminalidade em Salvador, suficientemente explicável pelo aumento abrupto do consumo de drogas em níveis locais e extralocais, a fragilidade das Políticas Públicas de prevenção e repressão ao tráfico e ao consumo destas, os investimentos insuficientes em Segurança Pública e em meio às consequências mais nefastas destes fatores, que são: o aumento dos casos de violência e o agravamento do problema da saúde pública (falta de assistência às vítimas de violência e aos usuários de entorpecentes), quem ousa explicar como o tamanho descontentamento da população leva à recondução do titular do governo a novo mandato?
Analistas políticos diriam que o fenômeno Lula está a alavancar os índices de voto do nosso atual Governador. Mas, em sendo assim, é forçoso reconhecer a influência política do Presidente Luis Inácio em âmbito nacional, de extremos a extremos recônditos do país. Se assim se explica o fenômeno da reeleição de Wagner, por exemplo, e a quase inacreditável condução de uma mulher à presidência do Brasil, sedimenta-se então que, a contragosto de muitos, principalmente dos antipetistas, o Presidente Lula é o maior estadista que o Brasil já teve depois de Getúlio Vargas, como ele próprio gosta de fazê-lo.
Se é ele quem transfere votos a Dilma, a Jacques Wagner e ainda aos PMDBistas e PSDBistas que tentam pegar carona e votos colando suas imagens à do Presidente, reforça-se, registra-se e inscreve-se na história do Brasil que é ele, sim, o dono do Poder.
Voltando a capital e ao ambiente de névoas proporcionado por nossos atuais mandatários, é certo que a cortina de fumaça provocada por um terá se dissipado logo mais, em outubro e veremos que cenário vai dar lugar a esse que temos agora, no âmbito da violência e da saúde pública. Por outro lado, ainda temos que esperar muito até que a outra carga de poeira se dissipe, dado que as eleições para Prefeito demoram mais um pouco.
Aguardemos, então. Asfixiados e de olhos vermelhos.
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Marilda Oliveira Araújo é graduada em História e servidora do Municipio de Salvador, lotada na Secretaria Municipal de Saúde.